Sente ciúmes do seu/sua companheiro/a e percebe que isso perturba a sua vida?
O ciúme é algo natural e intrínseco à nossa existência como instinto de preservação. É um sinal de que alguma coisa se passa e impele à proteção do que queremos e eliminação de possíveis ameaças, que nos coloquem num lugar inferior e anunciem alguma perda.
Internamente instala um verdadeiro dilema, pois, se por um lado temos noção de que pode destruir a relação, por outro existe este sentimento que pede mais atenção.
Há apenas algumas distinções a fazer, é real ou fruto da imaginação? Normal ou patológico?
Neste caso não existe nada melhor do que sermos espectadores de nós próprios, observando como e quando emerge, que reações provoca e de que forma lidamos. Este olhar clínico, trará respostas que permitem um discernimento e autoconhecimento, que nos posicionam com poder sobre este sentimento, que tornando-se patológico nos retira capacidades emocionais, gerando ansiedade, raiva, ódio e humilhação.
Enfrentar o ciúme é o caminho para a libertação de toda a carga que vai pesando, e muitas vezes transforma os dias num sofrimento tão grande.
Então o que fazer?
Acima de tudo sermos honestos, connosco e com o outro. Não esconder o que se sente e incomoda, conversando de forma sincera e tranquila, sem capas que só alimentam o desejo de controlar e manipular. Já alguma vez se questionou que o objecto do seu ciúme não entende a causa do mesmo? Não adivinha o que se passa consigo? Pode ser tão simples quanto isto… Falar.
Tentar controlar o outro pelo ciúme, usando isso como forma de defesa e também de ataque, apenas o afastará e fará com que nos sintamos mais inseguros e isolados, aumentando consequentemente a dimensão do ciúme. Acaba por ser uma bola de neve que só pode ser travada por nós próprios.
Assim, a autoestima é um ponto essencial a ter em conta, muito associada a inseguranças e medos irracionais, que abrem a porta a que a imaginação voe em direção ao negativismo. Ter consciência real de quem somos e das nossas capacidades, possibilita que para além de não nos desvalorizamos, não espelhemos isso no outro.
Converse e exprima o que sente, aprofundando de forma sincera a relação. Sendo acima de tudo honesto consigo próprio, enfrentando medos, que levam à construção de um Eu seguro e consciente.
Sente que mesmo assim não teve a ajuda que precisa? Talvez tenha evoluído para algo patológico e o melhor será consultar um profissional, e com terapia descobrir a origem e como lidar com tudo isso.
Artigo publicado em formato papel na revista NOVA GENTE